terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Saúde e as Emoções - Entrevista com o Dr. Jorge Carvajal, médico cirurgião da Universidade de Andaluzia, Espanha, pioneiro da Medicina Bioenergética.

texto em Brasileiro

10 de março de 2009.

Qual adoece primeiro: o corpo ou a alma?
A alma não pode adoecer, porque é o que há de perfeito em ti, a alma evolui, aprende. Na realidade, boa parte das enfermidades são exatamente o contrário: são a resistência do corpo emocional e mental à alma. Quando nossa personalidade resiste aos desígnios da alma, adoecemos.

A Saúde e as Emoções.

Há emoções prejudiciais à saúde? Quais são as que mais nos prejudicam?
70 por cento das enfermidades do ser humano vêm do campo da consciência emocional. As doenças muitas vezes procedem de emoções não processadas, não expressadas, reprimidas. O medo, que é a ausência de amor, é a grande enfermidade, o denominador comum de boa parte das enfermidades que temos hoje. Quando o temor se congela, afeta os rins, as glândulas suprarrenais,os ossos, a energia vital, e pode converter-se em pânico.

Então nos fazemos de fortes e descuidamos de nossa saúde?
De heróis os cemitérios estão cheios. Tens que cuidar de ti. Tens teus limites, não vás além. Tens que reconhecer quais são os teus limites e superá-los, pois, se não os reconheceres, vais destruir teu corpo.

Como é que a raiva nos afeta?
A raiva é santa, é sagrada, é uma emoção positiva, porque te leva à autoafirmação, à busca do teu território, a defender o que é teu, o que é justo. Porém, quando a raiva se torna irritabilidade, agressividade,ressentimento, ódio, ela se volta contra ti e afeta o fígado, a digestão, o sistema imunológico.

Então a alegria, ao contrário, nos ajuda a permanecer saudáveis?
A alegria é a mais bela das emoções, porque é a emoção da inocência, do coração e é a mais curativa de todas, porque não é contrária a nenhuma outra. Um pouquinho de tristeza com alegria escreve poemas. A alegria com medo leva-nos a contextualizar o medo e a não lhe darmos tanta importância.

A alegria acalma os ânimos?
Sim, a alegria suaviza todas as outras emoções, porque nos permite processá-las a partir da inocência. A alegria põe as outras emoções em contrato com o coração e dá-lhes um sentido ascendente. Canaliza-as para que cheguem ao mundo da mente.

E a tristeza?
A tristeza é um sentimento que pode te levar à depressão quando te deixas envolver por ela e não a expressas, porém ela também pode te ajudar. A tristeza te leva a contatares contigo mesmo e a restaurares o controle interno. Todas as emoções negativas têm seu próprio aspecto positivo.Tornamo-las negativas quando as reprimimos.

Convém aceitarmos essas emoções que consideramos negativas como parte de nós mesmos?
Como parte para transformá-las, ou seja, quando se aceitam, fluem, e já não se estancam e podem se transmutar. Temos de as canalizar para que cheguem à cabeça a partir do coração.

Que difícil!
Sim, é muito difícil. Realmente as emoções básica são o amor e o medo (que é ausência de amor), de modo que tudo que existe é amor, por excesso ou deficiência. Construtivo ou destrutivo. Porque também existe o amor que se aferra, o amor que superprotege, o amor tóxico, destrutivo.

Como prevenir a enfermidade?
Somos criadores, portanto creio que a melhor forma é criarmos saúde. E, se criarmos saúde, não teremos que prevenir nem combater a enfermidade, porque seremos saúde.

E se aparecer a doença?
Teremos, pois, de aceitá-la, porque somos humanos. Krishnamurti também adoeceu de um câncer de pâncreas e ele não era alguém que levasse uma vida desregrada. Muita gente espiritualmente muito valiosa já adoeceu. Devemos explicar isso para aqueles que creem que adoecer é fracassar. O fracasso e o êxito são dois mestres e nada mais. E, quando tu és o aprendiz, tens que aceitar e incorporar a lição da enfermidade em tua vida.. Cada vez mais as pessoas sofrem de ansiedade. A ansiedade é um sentimento de vazio, que às vezes se torna um oco no estômago, uma sensação de falta de ar. É um vazio existencial que surge quando buscamos fora em vez de buscarmos dentro. Surge quando buscamos nos acontecimentos externos, quando buscamos muleta, apoios externos, quando não temos a solidez da busca interior. Se não aceitarmos a solidão e não nos tornarmos nossa própria companhia, sentiremos esse vazio e tentaremos preenchê-lo com coisas e posses. Porém, como não pode ser preenchido de coisas, cada vez mais o vazio aumenta.

Então, o que podemos fazer para nos libertarmos dessa angústia?
Não podemos fazer passar a angústia comendo chocolate ou com mais calorias,ou buscando um príncipe azul fora. Só passa a angústia quando entras em teu interior, te aceitas como és e te reconcilias contigo mesmo. A angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra.

O stress é outro dos males de nossa época. O stress vem da competitividade, de que quero ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha, quero imitar. E realmente só podes competir quando decides ser um competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original, autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O stress destrutivo prejudica o sistema imunológico. Porém, um bom stress é uma maravilha, porque te permite estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades para emergir a um novo nível de consciência.

O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos?
A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior. Minha recomendação é que a gente ponha o relógio para despertar 20 minutos antes,para não tomar o tempo de nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te sobra, mas esses primeiros minutos da manhã, quando estás rejuvenescido e descansado, para meditar, essa pausa vai te recarregar, porque na pausa habita o potencial da alma.

O que é para você a felicidade?
É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Encarnamos para sermos felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é integridade. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós,quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além da vida cotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de nós mesmos, quando estamos em paz e a salvo com a vida e com nossa consciência.

Viver o Presente.

É importante viver no presente? Como conseguir?
Deixamos ir-se o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro quando nos ancoramos no ser e não no ter. Eu digo que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.

Na sua opinião, estamos tão confusos assim?
Temos três ilusões enormes que nos confundem:Primeiro cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o instrumento da vida e se acaba com a morte. Segundo cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não há mais felicidade, senão mais dependência.. Prazer e felicidade não são o mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer.

Terceiro ilusão é o poder; cremos ter o poder infinito de viver.
 
E do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?
O amor, tão trazido e tão levado, e tão caluniado, é uma força renovadora. O amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que se renova a si mesmo. No amor a gente sempre pode renovar-se, porque ordena tudo. No amor não há usurpação, não há deslocamento, não há medo, não há ressentimento, porque quando tu te ordenas porque vives o amor, cada coisa ocupa o seu lugar, e então se restaura a harmonia. Agora, pela perspectiva humana, nós o assimilamos com a fraqueza, porém o amor não é fraco.

Enfraquece-nos quando entendemos que alguém a quem amamos não nos ama. Há uma grande confusão na nossa cultura. Cremos que sofremos por amor, porém não é por amor, é por paixão, que é uma variação do apego. O que habitualmente chamamos de amor é uma droga. Tal qual se depende da cocaína,da maconha ou da morfina, também se depende da paixão. É uma muleta para apoiar-se em vez de levar alguém no meu coração para libertá-lo e libertar-me.. O verdadeiro amor tem uma essência fundamental que é a liberdade, e sempre conduz à liberdade. Mas às vezes nos sentimos atados a um amor. Se o amor conduz à dependência é Eros. Eros é um fósforo, e quando o acendes ele se consome rapidamente em dois minutos e já te queimas o dedo.

Há amores que são assim, pura chispa. Embora essa chispa possa servir para acender a lenha do verdadeiro amor. Quando a lenha está acesa, produz fogo.

Esse é o amor impessoal, que produz luz e calor.

Pode nos dar algum conselho para alcançarmos o amor verdadeiro?
Somente a verdade. Confia na verdade; não tens que ser como a princesa dos sonhos do outro, não tens que ser nem mais nem menos do que és. Tens um direito sagrado, que é o direito de errar; tens outro, que é o direito de perdoar, porque o erro é teu mestre. Ama-te, sê sincero contigo mesmo e leva-te em consideração. Se tu não te queres, não vais encontrar ninguém que possa te querer. Amor produz amor. Se te amas, vais encontrar amor. Se não, vazio. Porém nunca busques migalhas, isso é indigno de ti. A chave então é amar-se a si mesmo. E ao próximo como a ti mesmo. Se não te amas a ti, não amas a Deus, nem a teu filho, porque estás te apegando, estás condicionando o outro. Aceita-te como és; não podemos transformar o que não aceitamos, e a vida é uma corrente permanente de transformações.

sábado, 6 de novembro de 2010

A estrutura da Realidade / PNL

artigo em Brasileiro
O que é a Realidade?

 
Figura 1: a sua realidade e pisando fora dela

Figura 2: percebendo diferentes realidades


A estrutura da realidade

Roger Ellerton Ph.D.

O que é realidade?
Por que é que algumas pessoas vêem algo como possível (dentro da realidade delas) e outras o desconsideram totalmente?

A sua percepção do mundo é a sua realidade.

Em artigo anterior (Modelo de Comunicação da PNL), examinamos como nós filtramos a informação baseada nas nossas crenças, valores, memórias, metaprogramas, etc. Como resultado dessa filtragem, nós temos uma percepção do mundo à qual chamamos de realidade.

Existe um ditado que diz:
"Se você quiser mudar a sua vida, você deve mudar primeiro a maneira como percebe a sua vida".

Para conseguir uma melhor compreensão da realidade e de como ela afeta as nossas vidas, considere o seguinte:

-Suponha que o círculo na figura 1 representa todo o conhecimento possível - tudo o que já foi descoberto e tudo que será descoberto.
Uma parte deste círculo representa ‘o que você sabe que você sabe’ - você sabe o seu nome, onde mora, etc.

Outra parte do círculo representa ‘o que você sabe que não sabe’ - você sabe que existe algo chamado mergulho de profundidade, mas não sabe de nenhum detalhe ou como fazê-lo.

Essas duas partes representam o que nós chamamos de realidade (ou a sua percepção da realidade).

O resto do círculo é 'o que você não sabe que você não sabe’ e que, neste momento, está fora da sua percepção (realidade).
Como isso não faz parte da sua consciência ou da sua realidade, não significa que não tenha nenhum efeito na sua vida.
Por exemplo, até que eu lhe diga, você está ciente de que tem um novo revestimento estomacal a cada cinco dias (Deepak Chopra)?


Quanto mais ampla for a sua realidade,
mais escolhas
você terá na vida.

Se você tivesse que sair da sua realidade para, digamos, o sinal verde (isto é, fazer algo que nunca fez antes e que não tem a mínima idéia do que irá acontecer), como você se sentiria?
Por exemplo, se você nunca foi ao Japão, não viaja frequentemente, não sabe falar japonês e foi transportado, de repente, para uma esquina no centro de Tóquio, como se sentiria?

Medroso, confuso, apreensivo, ansioso...?

Ou pode descobrir que deu um branco na sua mente.

(Se fizer parte da sua realidade viajar para lugares diferentes e experimentar a cultura local, você poderá experimentar isso de uma forma completamente diferente).

Qual é a sua reação típica quando está medroso, confuso, apreensivo, ansioso...?

Muitas pessoas retornam para algo que elas já conhecem e que percebem ser segura (a realidade delas) e encerram qualquer processo de exploração de novas idéias sobre o mundo ou sobre elas mesmos.  é uma "zona de conforto"...

Se você pretende expandir a sua realidade e o seu potencial na vida, acredito que seja necessário explorar ‘o que você não sabe que você não sabe’.

Um momento ‘sinal verde’

Quando os alunos nos nossos treinamentos de PNL descobrem algo novo sobre eles mesmos ou exploram as suas crenças e valores, algumas vezes, percebem que estão com medo, confusos, apreensivos, ansiosos...

Eu chamo a atenção deles de que isto é um algo bom, pois significa que estão explorando novos aspectos deles mesmos – eles já sabem como podem ficar com medo, confusos, apreensivos, ansiosos... sobre algo!

Como eles se tornam mais confortáveis explorando quem são e confiantes neles mesmos, é comum ouvi-los dizer:

"Eu estou tendo um momento sinal verde" ou
"Uau! Acabei de ter um momento sinal verde e aprendi algo muito valioso sobre mim ou sobre a maneira como percebo o mundo."

Na próxima vez que você se sentir com medo, confuso, apreensivo, ansioso..., primeiro tenha certeza de que está seguro, depois respire profundamente (muitas vezes tendemos a prender a respiração em momentos como esse o que só piora a situação) e examine tudo.

Talvez você descubra novos insights sobre quem você é, suas crenças e seus valores, suas estratégias para conseguir o que quer na vida, ou como pode lidar com essa situação cotidiana de uma forma diferente e alcançar um resultado diferente mais desejado.

Percebendo a realidade de outra pessoa.

Suponha que você e eu crescemos em culturas diferentes, com religiões diferentes, com crenças e valores diferentes e, para efeito de argumentação, tenhamos percepções completamente diferentes do mundo.

Essa situação é ilustrada em grau extremo na figura 2.

Qual é a capacidade de nós concordarmos e trabalharmos juntos?
Se nós dois nos apegarmos às nossas crenças, valores, etc., e não estivermos dispostos a explorar novas ideias (já conheceu alguém assim?), então é certo de que ficaremos discordando continuamente - e que graça tem isso?

Por outro lado, o que aconteceria se você decidisse explorar a minha realidade – você não precisa concordar comigo, apenas considerar e respeitar que eu tenho crenças e valores diferentes dos seus e evitar julgar quais das suas crenças ou valores estão certos ou errados.

No princípio, você até pode achar que a minha realidade é confusa (um momento ‘sinal verde’).

No entanto, se você continuar a explorar a minha realidade, então você terá o potencial de expandir a sua realidade (mais escolhas na sua vida), me ajudar a ser mais tolerante com a sua realidade e explorar a possibilidade para que possamos melhorar a nossa comunicação mútua.

Ao ser flexível na sua abordagem (ser capaz de explorar idéias fora da sua realidade), você tem o potencial de criar muito mais para si mesmo e ao mesmo tempo ajudar os outros.

Não é essa a intenção dos especialistas organizacionais que dizem que devemos encorajar a diversidade no local de trabalho?

Como seria diferente a sua vida e os resultados que você obtém, se você aceitasse que os membros de sua família, seus colegas ou seus vizinhos veem o mundo de uma maneira diferente da sua (tivessem uma realidade diferente)?

Tudo que você precisa fazer é escolher ser curioso e perceber as perspectivas diferentes deles. 

O que você não sabe que sabe.

Observando a figura 1, você pode perceber que existe uma outra parte do círculo ‘o que você não sabe que você sabe’.

Isso pode ter muitas interpretações.
Por exemplo: memórias que você decidiu não se lembrar, ou crianças que são condicionadas culturalmente a assumir determinados papéis e não outros (os rapazes devem seguir os passos de seus pais ou as moças não podem fazer matemática ou serem engenheiras nem pilotos de avião...).

Que impacto isso tem na sua realidade e nas suas escolhas na vida?

Inovação é explorar ‘o que você não sabe que você não sabe’.

Finalmente, vamos falar um pouco sobre inovação.

Pode ser a sua própria inovação pessoal, a inovação no trabalho ou na sociedade.

Referindo-se a figura 1, de onde viriam as idéias inovadoras?

De ‘o que nós já sabemos que sabemos’?
- Não! De ‘o que nós sabemos que não sabemos’?
- Algum potencial para pequenos avanços.
Ou entrando em ‘o que não sabemos que não sabemos’ ou ‘o que nós não sabemos que sabemos’?
- Sim, é aí que reside a oportunidade para as grandes descobertas!

A PNL ajuda as pessoas a expandirem a realidade delas de uma forma segura e respeitosa.